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Araucária Anã: Cuidado com o golpe! Mudas são vendidas em viveiros cadastrados na Embrapa 362k6

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: Mauro Scharnik/IAT

O desenvolvimento da araucária anã foi concluído em 2015 e desde então, a nova variedade tem ganhado adeptos no Estado. O recente plantio da espécie em Cascavel despertou a curiosidade geral e a busca por mudas virou febre.

Entretanto, o pesquisador que atuou no desenvolvimento da espécie alerta para evitar ir com tanta sede ao pote e agir com cautela na hora de adquirir a planta. “Para quem não quer produzir a própria muda e está em busca de adquirir é importante ficar atento com a procedência do produto. A variedade está disponível em viveiros, nós temos no site da Embrapa uma relação dos que tem à disposição. Mas existem vendedores que circulam nas propriedades oferecendo a muda, garantindo ser a variedade anã, mas muitos podem ser golpes. Por isso, a orientação para evitar comprar um muda que não seja a desejada é ligar para o viveiro que o vendedor diz representar, questionar qual a procedência do produto”, alerta o pesquisador da Embrapa Florestas, Ivar Wendling.

Você pode fazer a sua muda de araucária anã 2a3l5f

Para quem não quer ou não consegue comprar a muda, o pesquisador aconselha que ela pode ser confeccionada. “A muda pode ser produzida, porque ela é um enxerto de uma araucária mais velha, mas é preciso ir em busca de literatura sobre o tema para aprender a técnica correta. O protocolo desenvolvido pela Embrapa para produção de mudas utiliza a técnica de enxertia a partir de brotos da copa da árvore. Estes brotos que serão enxertados têm a ‘idade ontogenética’ da árvore de onde foram coletados, então vão se comportar como árvores adultas, por isso as novas plantas começam a produzir o pinhão em muito menos tempo, além de reduzir o porte das árvores. Então precisa seguir o o a o certinho para chegar a variedade desejada e ficar atento também ao sistema de produção desenvolvido junto com a espécie, que prevê uma cova e espaçamento entre as plantas maior que o tradicional, adubação específica entre outros detalhes específicos”, explica Ivar.

Outra opção é a contratação de profissional com capacidade técnica para fazer o enxerto. Esse tipo de ajuda pode ser buscado também junto aos extensionistas do IDR-PR mais próximo da sua cidade.

Vantagens da espécie 5s2w5g

Além da produção de pinhão na metade do tempo das variedades tradicionais (em média 5 anos), a técnica também auxilia na garantia de cultivo pinhão com as características mais desejadas pelo mercado consumidor. “Quando você vai fazer o enxerto precisa escolher a melhor matriz (árvore onde vai coletar a muda), que se encaixa no seu objetivo. Que pode ser a época de produção, composição nutricional, produtividade, tamanho e formato do pinhão, entre outras “, detalha o pesquisador.

Outra vantagem da técnica de enxertia é a possibilidade de posicionamento estratégico de mudas macho e fêmea. “Como a araucária é uma planta dioica (possui árvores-macho e árvores-fêmea), também foram desenvolvidas técnicas que favorecem a fecundação das pinhas. Por meio da técnica de enxertia você consegue cultivar muito mais plantas fêmeas, responsáveis pela produção do pinhão do que macho, que são necessários para a fecundação. Se você plantar as sementes vai ter 50% de plantas fêmeas e 50% macho. Já na com a enxertia você consegue escolher qual vai cultivar e maior número. Então é possível plantar 83% fêmeas em uma determinada área e somente 17% de machos, e ainda posicioná-los de forma estratégica para favorecer a polinização. Com isso o volume de produção tem ganho significativo”, alerta o pesquisador da Embrapa Florestas, Ivar Wendling.

Como a variedade foi desenvolvida 5p4r5t

A variedade de araucária que possibilita a produção mais rápida de pinhão começou a ser desenvolvida em 2002, pelo pesquisador da Embrapa Florestas-PR, Ivar Wendling, e na ocasião com outro foco. “Quando a pesquisa começou, o foco era fazer a enxertia para desenvolver uma espécie com foco na produção de madeira. Mas conforme o trabalho avançou, vimos uma potencialidade em aplicar a técnica na produção do pinhão, para assim aumentar a renda das famílias com a venda do produto. E em 2016, o meu trabalho se encontrou com um semelhante desenvolvido pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). Nós já tínhamos conhecimento de outras espécies de árvores, em que se faz o enxerto pegando pedaços da copa alcançando produção precoce e fomos aprimorando a técnica. Assim chegamos a essa variedade que produz em média na metade do tempo da araucária tradicional. Ela precisa de pelo menos cinco anos para produzir porque o pinhão, independente da variedade, tem um ciclo de formação de 3 a 4 anos. Para se ter uma ideia, os frutos que vamos colher em 2026, estão sendo produzidos pela planta neste momento”, explica o pesquisador.

Mesmo com o sucesso da variedade, a pesquisa segue em busca de variedades que possibilitem a produção “fora de época”. “Estamos melhorando a técnica e desenvolvendo novas variedades. O foco é ter uma produção em épocas também de calor, garantindo uma oferta mais estável e contínua do produto, permitindo com que indústrias possam ter essa segurança e assim desenvolvam produtos à base de pinhão. A ideia é valorizar o que é nosso!” conclui o pesquisador da Embrapa Florestas, Ivar Wendling.

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo s1k6

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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