Foto: Pixabay 4u3v3p

A pecuária leiteira vem ao longo dos últimos anos driblando os prejuízos com alto custo e produção, sobretudo do alimento destinado aos animais. Nessa conta entram safras frustradas com o contraponto da valorização dos grãos. Outros insumos também registraram aumento de preço, contrastando com o lucro do produtor, que assistiu e sentiu na pele a queda constante na remuneração pelo litro do leite.

O cenário se agravou de tal forma que o grito de socorro saiu da garganta e tem ecoado nas últimas semanas, em busca de ajuda federal para evitar que a importação do produto continue penalizando a produção nacional.

Sem uma luz no fim do túnel, muitos produtores se desmotivaram e deixaram a atividade. Em Cascavel, no Oeste do Paraná, houve um decréscimo significativo. “Estima-se que em Cascavel, nos últimos três anos, período severo de retração do mercado, houve redução de 30% no número de produtores de leite” afirma o presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Sanidade Animal de Cascavel, médico veterinário Antônio Carlos de Queiroz.

Ele ressalta ainda que a crise vivida neste momento é consequência de uma série de acontecimentos, dentre eles a queda no consumo do produto. Mas o fator que mais impacta no setor é a importação. “Está entrando muita matéria-prima para indústrias através do leite em pó que vem de fora. esse produto vai para as queijarias e indústrias, o que tem diminuído a competitividade do leite nacional. Esse produto entra via Uruguai e via Argentina”.

Antônio salienta ainda outra hipótese preocupante. “Existe a desconfiança de que produtores estejam comprando leite de outros países e trazendo para esses países vizinhos ao Brasil para aproveitar as vantagens de comercialização pelo Mercosul”, aponta.

O presidente ressalta ainda que há uma mobilização nacional em busca de apoio dos órgãos governamentais para amenizar o peso sobre o setor, mas os efeitos só devem ser sentidos a longo prazo.

Mão de obra familiar 5d453

O presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e Sanidade Animal, ressalta as características dos produtores da região que têm resistido à crise e insistido na produção. “São produtores que fazem seu planejamento a longo prazo, estudam, têm contas e compromissos de investimento, e assim a longo prazo estimam melhorias de produtividade e remuneração do mercado. Outra característica dos produtores é que eles têm trabalhado praticamente com mão de obra familiar, porque a mão de obra contratada é cara e muitas vezes com baixa qualidade aqui na região. Então a mão de obra familiar ela acaba tendo uma consolidação maior na pecuária de leite porque acaba ficando esse valor dentro do cheque do leite, ninguém tem remuneração, o que sobra que é o sustento da família”, esclarece o médico veterinário.

Cenário geral 53n18

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, somente no primeiro semestre de 2023 o Brasil importou 1 bilhão de litros de leite, 300% mais que o total importado no mesmo período de 2022.

O Brasil é o quinto maior produtor de leite do mundo, a Argentina ocupa a 12ª posição e o Uruguai a 38ª, porém as diferenças na produção são enormes. Na Argentina a produção é realizada em grandes propriedades com manejo intensivo e profissional que se destaca, pelo elevado nível tecnológico, são cerca de 10 mil fazendas que produzem 11 bilhões de litros de leite por ano, enquanto o Brasil produz 35 bilhões de litros de leite por ano pulverizados em 1 milhão de pequenos produtores que não tem volume significativo de tecnologia e tem no leite muitas vezes uma renda secundária e profundamente vulneráveis ao livre mercado.

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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