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Crise e quebra de safra ameaçam o produtor rural brasileiro 6t2360

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Após um crescimento recorde de 15,1% no ano anterior, o PIB (Produto Interno Bruto) da agropecuária brasileira demonstrou um aumento de 39% na última década, enquanto o PIB geral do país subiu 5,5% no mesmo período. O ano ado foi um período fora da curva: clima favorável, produtividade boa e, como resultado, uma safra recorde, superior a 315 milhões de toneladas, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e 320 milhões segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Em 2024, no entanto, as condições climáticas mudaram as expectativas para o setor e as estimativas de safra diminuem a cada novo número divulgado. Com boa parte da safra ainda no campo para ser colhida, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a soja deverá ter produção próxima de 145 milhões de toneladas, um volume ainda elevado, mas abaixo do recorde de 2023. O milho, cuja safrinha já está sendo semeada, também não deve alcançar os níveis anteriores.

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Nesse sentido, a queda na receita agrícola tem reflexo dentro e fora da porteira da fazenda. Preços, clima e incertezas do mercado levam o produtor a avaliar melhor os investimentos. A margem bruta da soja, por exemplo, teve queda de 68% na comparação com a safra 2022/23. Para o milho, primeira safra e segunda safra, a queda foi ainda maior.

Na pecuária leiteira o impacto também foi sentido. Segundo a CNA, com o movimento de retração de preços maior do que o de custos, a margem de lucro dos produtores foi 67,4% menor em outubro de 2023, em relação ao mesmo período do ano anterior.

Diante das incertezas crescentes para 2024, com mudanças na temperatura média e nos índices de chuvas causadas pelo fenômeno El Niño, a CNA ressalta a necessidade de aumentar os recursos para o seguro rural, atualmente em pouco mais de R$ 1 bilhão, mas com uma necessidade estimada pela entidade de R$ 3 bilhões para cobrir cerca de 14 milhões de hectares.

Crise

Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado Pedro Lupion (PP-PR) destaca que há uma crise de rentabilidade na agropecuária com os preços dos grãos não cobrindo o custo de produção. “O produtor plantou soja a R$ 140 por saca e agora está vendendo a R$ 90. O pior disso tudo é que são valores praticados que não pagam mais o custo de produção. Uma relação que só piora desde 2023 e corroeu o lucro de quem produz,” disse o deputado, afirmando que “sem lucro, o produtor não investe e, em alguns casos, desiste e vai plantar outra coisa, como milho”, apontou.

Segundo ele, mesmo com a safra ainda em andamento, já está posto que parte dos produtores rurais não conseguirá cumprir financiamentos assumidos. “O que temos hoje é que produtores não estão conseguindo cumprir compromissos e pagar dívidas. Vemos o produtor em dúvida se terá como aplicar ou se endividar mais com compra de equipamentos e insumos”, acrescentou.

Já o ex-presidente da FPA deputado Alceu Moreira (MDB-RS) destacou que a conjuntura atual do setor deve se estender ainda para 2025 e 2026. “É uma crise grande e que vai durar além deste ano. Teremos que reequilibrar o jogo. Não chegamos ao fundo do poço, mas, se o governo não agir em conjunto com o setor, vamos chegar”, pontuou.

O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) enfatizou que será preciso a participação do governo federal na busca por soluções. “Precisamos de política de preço mínimo e um trabalho junto a instituições financeiras para fortalecer o setor.”

 

“Além do governo federal, continuaremos a busca por soluções no âmbito do parlamento brasileiro para auxiliar os produtores diante dessa crise. Historicamente, testemunhamos o setor agropecuário sustentando a economia brasileira. No entanto, neste ano, tenho dúvidas se conseguiremos manter esse papel,” finalizou o deputado Sérgio Souza (MDB-PR).

(Com Agência FPA)

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo s1k6

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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