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Batata-doce é protagonista em projeto de combate à fome 2t1m6d

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: Divulgação

A batata-doce CIP BRS Nuti é a protagonista do projeto “Nas Ramas da Esperança”, concebido inicialmente para melhorar a segurança alimentar e nutricional de comunidades no Semiárido pernambucano. Desde o início de 2022, já foram doadas mais de 500 mil mudas, contemplando 10 mil agricultores cadastrados em 72 instituições, localizadas em 153 municípios de 11 estados.

No final de julho, o projeto “Nas Ramas da Esperança” foi o vencedor, na categoria Desenvolvimento Social, da 6ª edição do Prêmio Espírito Público. O professor Erbs Cintra, do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertaoPE), responsável pelo projeto, diz que o prêmio é o reconhecimento de um trabalho que começou em 2010.

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“Como pernambucano e conhecedor das dificuldades dos agricultores, na época, eu estava buscando culturas que fossem resistentes às condições da região: solos degradados, pouca chuva e que também fossem alimentos biofortificados. Foi aí que conheci o trabalho da Rede Biofort. Estabelecemos uma parceria para a validação de materiais de batata-doce na área do IFSertãoPE, localizado na zona rural de Petrolina (PE)”, lembra. A rede é coordenada pela Embrapa e responsável pela biofortificação de alimentos no Brasil.

 Em 2021, o projeto foi formalizado com recursos da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe). De acordo com Cintra, a pandemia aumentou ainda mais a vulnerabilidade alimentar e social dos agricultores que estão nas proximidades do IFSertãoPE. “Recebemos cultivares de batata-doce da Embrapa e a CIP BRS Nuti caiu no gosto dos agricultores”, conta.

A batata-doce com “cor de cenoura”, como tem sido denominada pelos pequenos produtores, foi lançada há três anos pela Embrapa Hortaliças em parceria com o Centro Internacional de la Papa (CIP) do Peru. A cor alaranjada deve-se ao alto teor de betacaroteno que pode alcançar 150 mg/kg. Nas variedades de polpa branca ou creme essa concentração é irrisória.

O pesquisador da Embrapa Hortaliças Alexandre Mello foi o responsável por receber o material do CIP e coordenar as etapas de avaliação, identificação, seleção e lançamento da cultivar. “Todo esse trabalho foi realizado com parceiros em várias regiões do Brasil. No caso do Erbs, eu me sinto orgulhoso e grato porque o projeto tem proporcionado a muitos agricultores o o à cultivar que, além de biofortificada, tem ótimo desempenho no Nordeste”, comenta Mello.

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Com recurso e participação de alguns agricultores familiares, o o seguinte foi a multiplicação das ramas da CIP BRS Nuti e a realização de eventos para divulgar a cultivar que se destacou pela alta produtividade, tolerância à seca e a doenças, além do alto teor nutritivo. “A partir daí a notícia espalhou, e as áreas de cultivo no IFSertão aram a receber a visita de muitos produtores, assim como as demandas de outros municípios e estados”, conta.

A agricultora Marlene Conceição, do assentamento Agua Viva II, em Petrolina, participa do projeto há três anos e, desde o início, aprovou a cultivar. “Quando comemos essa batata no café da manhã, nós nos sentimos fortes. Foi de grande serventia essa batata chegar aqui, porque ela veio na hora que precisava saciar a nossa fome, foi em um momento difícil que amos” afirma a agricultora referindo-se à época da pandemia da covid-19. Atualmente, ela cultiva a batata-doce e outras frutas no quintal da casa, em uma área de meio hectare, mas já está animada e preparando a irrigação para cultivar em uma área maior.

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No semiárido pernambucano, a CIP BRS Nuti tem apresentado ciclo precoce de 90 a 110 dias, baixa demanda hídrica, tolerância a pragas e doenças, e produtividade de 30 a 35 toneladas por hectare. Dados do IBGE/2022 mostram que o Brasil produziu 847,1 mil toneladas, alcançando uma produtividade de 14,5 toneladas por hectare.

De acordo com Cintra, outra característica que chama a atenção da CIP BRS Nuti é que as ramas desenvolvem muito rápido, sombreando o canteiro e evitando o crescimento do mato. “Além de todas os benefícios, a cultivar ainda contribui para reduzir a mão de obra. Também estamos na expectativa do aumento da produtividade, uma vez que na área experimental do IFSertãoPE, a cultivar alcançou 60 toneladas por hectare”.

O protagonismo da cultivar vai ao encontro da criatividade dos agricultores, comprovando que da CIP BRS Nuti não se perde estão produzindo mel das flores. A florada dura cerca de 30 a 32 dias, tempo suficiente para a produção de mel de batata-doce. Cintra conta que o próximo o é analisar o mel para conhecer as suas características.

 

Comercialização 5t4g5t

O Nordeste é a região que mais consome batata-doce, alimento que está entre as principais fontes de carboidratos complexos e de baixa caloria da dieta do brasileiro. Além do consumo fresco, a CIP BRS Nuti também pode ser usada na produção de bolos e biscoitos. “Esses produtos podem ser comercializados em feiras para agregar mais valor. Mesmo sendo pequenas áreas cultivadas pelos agricultores, ainda existe o excedente que pode e precisa ser comercializado”.

Outra preocupação do projeto foi com o excedente da produção, uma vez que a batata-doce é cultivada durante todo o ano.  A expectativa é que, ainda em 2024, sejam realizadas as primeiras entregas nas escolas de Petrolina. Essa é mais uma vitória do projeto que induziu e obteve sucesso na criação da Lei Nº 3.657, de 17/10/2023 que dispõe sobre a inclusão dos alimentos do Projeto “Nas Ramas da Esperança” na merenda escolar da rede pública municipal de ensino.

Diversificação

Além da batata-doce, a lei contempla cultivares de macaxeira, milho e feijão biofortificados. Recentemente, o projeto ou a introduzir esses alimentos contemplados na Rede Biofort com o intuito de diversificar a alimentação, e fazer a rotação de cultura – técnica usada para evitar a proliferação de pragas e doenças. Segundo Cintra, os lotes são divididos em vários campos para a produção de alimentos diferentes.

Ao longo desses anos, o projeto Nas Ramas da Esperança já ganhou vários prêmios.

(Com Embrapa)

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo s1k6

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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