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Entenda por que o preço do café disparou no mundo e bateu recorde nas bolsas 4y4b5u

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Imagem: Nando Castoldi_GettyImages

Os contratos futuros de grãos de café arábica de alta qualidade alcançou o maior preço já registrado desde 1977. Na quarta-feira ada (27/11), os grãos arábica alcançaram US$ 3,23 por libra em Nova York (+4,7%). Ampliando a análise, desde o início do ano, os preços subiram mais de 70%.

Já em Londres, os contratos futuros dos grãos de café robusta (mais baratos e usados no café solúvel) aumentaram 7,7%, atingindo US$ 5.507 por tonelada, quase o dobro do valor registrado no início do ano.

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Preços do Café Arábica Atingem o Maior Valor em Quase Meio Século

Diversos fatores contribuíram para essa disparada nos preços, incluindo preocupações com uma possível escassez global de oferta e incertezas de mercado relacionadas ao impacto do recente regulamento europeu sobre desmatamento.

O que Dizem os Analistas
De acordo com a consultoria Areté – The Agri-Food Intelligence Company, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), em seus relatórios FAS publicados em novembro, revisou significativamente para baixo as estimativas de produção de café no Brasil e na Indonésia para 2024/2025 em comparação às previsões de meados do ano.

No caso do Brasil, a produção foi reduzida em 6% para a variedade arábica (de 48,2 para 45,5 milhões de sacas) e em 3% para a robusta (de 21,7 para 21 milhões de sacas). Para a Indonésia, a produção de robusta foi reduzida em 8% (de 9,5 milhões para 8,6 milhões de sacas), diminuindo o crescimento previsto em relação à safra anterior de +40% para +36%.

Essas revisões são “apenas parcialmente compensadas pelo aumento da produção colombiana (de 12,4 para 12,9 milhões de sacas) e indiana (de 6 para 6,2 milhões de sacas)”. Além disso, a Areté destaca que esses ajustes ocorrem em um contexto de estoques globais já previstos nos níveis mais baixos desde 2001, com incertezas macroeconômicas e riscos climáticos que podem impactar também as colheitas de 2025/2026.

Volatilidade Histórica dos Preços
Não é a primeira vez que o preço do café registra aumentos acentuados. Em fevereiro de 2014, houve uma alta de 45%, que continuou nos dois meses seguintes, resultando em um aumento total de 70%, de US$ 146 para US$ 260 a saca. “Naquela ocasião, os preços caíram nos meses seguintes, chegando a níveis ainda mais baixos que os vistos em fevereiro. Isso é apenas um exemplo de como o preço do café é altamente volátil”, afirma David Pascucci, analista de mercados da XTB.

Outras altas significativas ocorreram entre 2020 e 2022, quando os preços subiram cerca de 180%, ando de  US$ 110 em outubro de 2020 para US$ 305 em fevereiro de 2022.

Atualmente, desde os valores mínimos de outubro de 2023, observamos um aumento de cerca de 130%. “Essa disparada não é totalmente anômala para essa commodity, altamente suscetível a variações climáticas e logísticas”, acrescenta Pascucci. Ele conclui: “A tendência no momento é claramente de alta, e não se descartam novos aumentos de preços. Contudo, historicamente, uma vez que os preços atingem um pico, a queda subsequente tende a trazer os valores a níveis aceitáveis no longo prazo, com reduções que podem variar entre -40% e -60%”.

Entre intempéries e regulamentações europeias
Conforme destaca o Financial Times, os torrefadores de café têm desempenhado um papel central nessa disparada de preços, buscando garantir estoques antes de prováveis escassezes e diante da incerteza em relação à regulamentação europeia sobre desmatamento. Essa legislação exige que os importadores no continente provem que o café importado não foi cultivado em áreas desmatadas, o que tem levado à antecipação das compras.

Além disso, há as preocupações ambientais: o clima quente e seco no Brasil aumentou os temores sobre a produção e os estoques globais, especialmente para os grãos de arábica. O país enfrentou a pior seca dos últimos 70 anos em agosto e setembro, seguida por fortes chuvas em outubro, levantando preocupações de que a floração da safra possa murchar. O mau tempo também atingiu duramente o Vietnã, o maior produtor de grãos robusta do mundo.

(Com Forbes)

 

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo s1k6

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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