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Gado contado: Brasil vai rastrear seus 230 milhões de bovinos 4x2g70

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: Getty Images

Rastrear a origem do gado não é conversa de hoje no mundo. No Brasil, muito menos. Uma discussão que se estende desde os anos 2000 no país deverá finalmente ter o seu parecer final neste dia (17), quando o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) irá anunciar o Plano Nacional de Rastreabilidade Bovina, obrigatório para todo o rebanho.

A proposta busca qualificar a rastreabilidade de bovinos e búfalos por meio da implementação de um sistema de identificação individual, que permitirá monitorar e registrar o histórico, a localização e a trajetória de cada animal identificado. O Plano é resultado de uma caminhada que começou 20 anos atrás.

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Entenda o que Aconteceu nos Últimos 20 anos
O protótipo da rastreabilidade animal no Brasil começou a ser desenvolvido em meados de 1997. Na época, o país tentava copiar o modelo da União Europeia, que estabeleceu a criação de um sistema obrigatório de identificação e registro de todo rebanho bovino para rastreamento da produção pecuária e etiquetagem da carne.

A medida na Europa veio após o Mal da Vaca Louca, uma doença transmissível do sistema nervoso de gado adulto causada pelo acúmulo de uma proteína anormal no tecido nervoso. Vale registrar que o Brasil sempre foi considerado de risco mínimo para a doença.

Nas décadas de 1980 e 1990, a doença se espalhou pelos países do bloco e somente no Reino Unido, entre 1992 e 1993, foram registrados quase 100 mil casos. Estima-se que 4 milhões de animais foram sacrificados na época na Europa.

O Início das Tentativas de Rastreabilidade no Brasil
No Brasil, o primeiro o foi dado em 2002. O impacto da pressão europeia por uma carne rastreada fez o Mapa criar o Sistema Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia de Bovinos e Bubalinos (SISBOV), um programa de controle sanitário individual para fiscalizar propriedades rurais que produzem ou comercializam carnes para o mercado mundial. Mas era de adesão voluntária. Assim, a rastreabilidade entrou na agenda dos pecuaristas exportadores, apenas. Entrou também na agenda da produção orgânica de bois.

Apesar do pioneirismo do programa, especialistas da organização Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, por meio do documento “A rastreabilidade da cadeia da carne bovina no Brasil”, acreditam que ela não é tão eficiente quanto poderia ser, já que é de difícil implementação e a sua adesão voluntária faz com que muitos animais entrem no sistema apenas 90 dias antes do abate/embarque e não no nascimento, que era o tempo exigido pelo importadores.

Nos últimos anos, os projetos de rastreabilidade foram criados pelos grandes frigoríficos, como JBS, Marfrig e Minerva, para dar segurança ao mercado de que não estavam comprando gado de áreas de desmatamento na Amazônia. Essas empresas já possuem 100% dos fornecedores de gado rastreado, mas ainda não conseguem dar conta de onde os animais foram criados, já que nessa cadeia um animal pode ar por fazendas especializadas na cria e na recria, antes de irem para o produtor que as venderá aos frigoríficos.

A Rastreabilidade Como Motor do Mercado
Apesar de lá atrás a rastreabilidade bovina ter sido uma exigência da Europa, adotada no Brasil de forma voluntária, os pecuaristas brasileiros ganharam muito com o aprendizado dos processos. Hoje, a rastreabilidade não está apenas na pecuária, mas é uma exigência do consumidor em muitos países.

Países como Austrália, Argentina, Uruguai, Chile, Canadá já implantaram sistemas de rastreabilidade individual para a totalidade de seus rebanhos, como uma política de estado. A expectativa é que o Brasil também avance com o Plano Nacional de Rastreabilidade Bovina, prestes a ser anunciado e que será obrigatório para todos os pecuaristas. A ideia é que o programa tenha período de adaptação — incluindo desenvolvimento de banco de dados e testes — de dois anos (2025 e 2026), com sua adoção definitiva a partir de 2027.

O Brasil possui um rebanho bovino de 238,6 milhões de animais, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Deste total, cerca de 4 milhões de animais estão registrados no SISBOV, o que representa apenas 2% do rebanho. O Plano Nacional de Rastreabilidade Bovina quer mudar esse percentual ao fortalecer os programas de saúde animal, aumentar a capacidade de resposta a surtos epidemiológicos e reforçar o compromisso do país com os requisitos sanitários exigidos pelos mercados internacionais.

(Com Forbes)

 

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo s1k6

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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