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Curso de panificação utiliza plantas alimentícias não convencionais 4p4f57

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foram produzidas 12 receitas doces e salgadas (Fotos: Renata Rosa / Epagri)

Um cheirinho delicioso tomou conta da Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI) nos dias 9 e 10 de abril, durante o Curso de Panificação Nutracêutica, que há 15 anos ensina a comunidade rural a turbinar nutricionalmente as receitas com a adição de plantas alimentícias não convencionais (PANCs). Ao todo, foram executadas 12 receitas doces e salgadas na cozinha experimental do Centro de Treinamento, entre pães, biscoitos, tortas e até pizza.

As PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) são vegetais, frutas, flores e sementes que não fazem parte da alimentação cotidiana, mas que são perfeitamente comestíveis e nutritivas. Muitas dessas plantas crescem espontaneamente em jardins, florestas e terrenos baldios, e algumas podem ser cultivadas em casa.

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“Sempre morei na zona rural e nunca tinha ouvido falar em tupinambor”, se espantou Noemir Raimundi, 55 anos, moradora do Arraial dos Cunha, em Itajaí. Ela complementa a renda da família com a fabricação artesanal de broa de coco, amendoim e fubá que aprendeu com a mãe e avó, e conta que se inscreveu no curso para aprender novas receitas. “Estou muito curiosa para testar em casa. Tudo que a Epagri ensina agrega ao nosso conhecimento”, disse Noemir, que também fez o curso de pratos à base de pitaya.

A professora aposentada Maria dos Santos Wernke, 63, não perde a chance de aumentar seu repertório de delícias sempre que a Epagri abre inscrição. Ela já fez, inclusive, o curso Flor-E-Ser, que estimula mulheres a empreenderem na agroindústria. Sua especialidade são as geléias com frutas de seu sítio: jabuticaba, banana, laranja, abacaxi e sabores inusitados como café e alho. Sua próxima empreitada será as conservas. “Gosto de criar sabores diferentes e aqui na Epagri é sempre um aprendizado maravilhoso”, elogia.

 

Extensionista Márcio Nunes Palhano foi um dos instrutores

A extensionista social de Pomerode, Geisebel Patrício, destaca que as receitas ajudam a difundir o conhecimento sobre as PANCs, que são encontradas na natureza, especialmente em propriedades agroflorestais, e podem enriquecer a alimentação com custo zero. “Elas costumavam ser muito consumidas pelos nossos avós e bisavós. A pouca utilização no cardápio diário aconteceu por causa da monocultura que tomou conta da agricultura convencional. Com isso, a diversidade dessas plantas foi desaparecendo”, explica.

Do agricultor ao médico

O curso de Panificação Nutracêutica foi elaborado a seis mãos pelos extensionistas Márcio Nunes Palhano, Geisebel Patrício e a gestora do Cetrei, Natália Kominkievicz, para dar e à pesquisa sobre o poder nutricional de plantas como ora-pro-nobis, tupinambor, tanchagem e beldroega. Natália conta que as receitas foram desenvolvidas aos poucos, num processo de tentativa e erro, para aproveitar os compostos benéficos das PANCs como flavonóides, polifenóis, antocianinas e ômega 3.

“O início do projeto foi em 2007, quando começaram a estudar plantas medicinais, que depois aram a se chamar bioativas. O objetivo era promover o plantio e aproveitamento dessas plantas pelas famílias de agricultores na alimentação. Algumas receitas davam certo, outras não. Só depois do processo de desidratação das folhas e raízes para produzir a farinha que evoluímos”, relata.

O banquete altamente nutritivo contou com pães, biscoitos, bolos, tortas e pizza

Ela conta que, quando as receitas foram selecionadas, o primeiro curso foi dado aos funcionários da EEI para opinarem sobre o sabor e textura dos pães e bolos. “Depois trabalhamos com as extensionistas sociais para multiplicar a informação para professores, agentes de saúde, era um público bem diverso – de agricultor a médico”, lembra Natália. Ela conta que, a partir desse curso surgiram iniciativas bem sucedidas, como o Sítio Flora Bioativas, em Porto Belo.

“Através do projeto Microbacias, eles montaram uma unidade de beneficiamento para produzir farinha de ora-pro-nobis, açafrão da terra e tupinambor e se tornaram referência na região”, revela Natália.

(Com Renata Rosa/Epagri/Fapesc)

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo s1k6

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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