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Carne na lata: tradição resgatada 4x36b

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: Guilherme Bento/Secom

Santa Catarina resgatou há um ano uma tradição que remonta aos tempos em que a conservação de alimentos ainda não contava com geladeiras: a produção da carne na lata. A iguaria típica do interior catarinense foi oficialmente registrada pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), por meio do Serviço de Inspeção Estadual (SIE), marcando um novo capítulo para a valorização da cultura alimentar regional.

A agroindústria familiar Carnes Arvoredo Ltda., sediada em Xanxerê e registrada sob o SIE n.º 416, foi pioneira ao obter o registro da carne na lata – carne suína temperada, cozida e conservada em gordura. O produto, que faz parte da memória afetiva de muitas famílias, agora está sendo comercializado com o aval técnico e a garantia de segurança da inspeção sanitária assegurada pela Cidasc. Para obter a liberação do produto, contou com a análise técnica da Coordenação de Produtos Cárneos do Departamento Estadual de Inspeç30ão de Produtos de Origem Animal (Deinp) da Cidasc.

EUA mais que quintuplicaram compras de carne do Brasil

Foto: Guilherme Bento/Secom

Roberto Carlos Meneguzzi, sócio da Carnes Arvoredo, destaca que o registro do produto foi motivo de orgulho para os proprietários da agroindústria. “Este produto faz parte da nossa história. Quando criança, a carne na lata era sempre servida em casa. Resgatá-la é uma forma de homenagear meus pais e levar ao consumidor um sabor que remete à infância, com praticidade e qualidade”, afirma Meneguzzi.

A presidente da Cidasc, Celles Regina de Matos, destaca que o reconhecimento da carne na lata com o selo do Serviço de Inspeção Estadual representa um avanço na valorização dos saberes tradicionais aliados à ciência. “A Cidasc tem um papel essencial na promoção da agroindústria familiar catarinense. Ao garantir que produtos como a carne na lata cheguem ao consumidor com qualidade e segurança, fortalecemos não apenas a economia local, mas também a identidade cultural do nosso Estado”, afirma Celles.

Carne na lata: tradição, sabor e conservação natural gc5j

A carne na lata é um tipo de carne suína conservada por um método ancestral, semelhante ao confit – técnica sa cujo nome significa “cristalizado”. Esse termo remete ao aspecto brilhante que os alimentos adquirem ao serem envolvidos pela própria gordura, formando uma camada protetora natural. No Brasil, essa prática tornou-se comum especialmente nas zonas rurais dos estados de Minas Gerais e São Paulo, como forma de conservar carne por longos períodos antes da popularização das geladeiras.

Na agroindústria Carnes Arvoredo Ltda., de Xanxerê (SC), o corte escolhido para esse preparo é o pernil suíno desossado. A carne é frita lentamente em sua própria gordura até atingir o ponto ideal e, em seguida, é armazenada em latas metálicas, coberta com a gordura ainda quente. Esse processo reduz significativamente o teor de umidade e confere ao produto uma validade, sem necessidade de refrigeração.

A técnica de conservação da carne na gordura chegou ao Brasil com os colonizadores europeus, que trouxeram também os primeiros suínos e a necessidade de preservar alimentos durante longas viagens. No entanto, registros históricos indicam que a prática possui paralelos com tradições indígenas, como a mixira, alimento típico de algumas regiões da Amazônia, em que carnes são igualmente preservadas em gordura.

Mais do que um método de conservação, a carne na lata representa um elo entre gerações, resgatando memórias afetivas e fortalecendo a identidade alimentar brasileira.

Mais sobre a inspeção de produtos de origem animal 125vo

Para proteger a saúde da população, é fundamental que o consumidor esteja atento ao adquirir alimentos de origem animal. Um dos principais cuidados é verificar se o produto possui o Selo de Inspeção, que pode ser emitido por três esferas: Serviço de Inspeção Municipal (SIM), Serviço de Inspeção Estadual (SIE) ou Serviço de Inspeção Federal (SIF).

Esse selo é a garantia de que o alimento ou por rigorosa inspeção industrial e sanitária, seguindo os critérios estabelecidos pela legislação vigente. Produtos com selo de inspeção asseguram qualidade, procedência e segurança para o consumo.

 

(Com Alessandra Carvalho/Cidasc)

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo s1k6

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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