AGRICULTURA 202h3b
CNA coleta custos de produção em três estados 721g

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), por meio do projeto Campo Futuro, realizou nesta semana o levantamento de custos de produção de frutas, hortaliças, café, aquicultura e heveicultura em três estados.
Os painéis foram promovidos em parceria com as federações estaduais, universidades e centros de pesquisa, e tiveram a participação de produtores, sindicatos, cooperativas e técnicos dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rondônia.
Aquicultura 2s4i1a
Os técnicos do projeto levantaram os custos de produção de tambaqui em Presidente Médici e Ariquemes (RO). No primeiro município, a propriedade modal da região foi caracterizada pela produção de tambaquis de 3 quilos, em ciclo de produção de 420 dias. A produtividade média é de 6 toneladas por hectare de lâmina d’água.
Segundo a assessora Larissa Mouro, os desembolsos com ração e alevinos foram os itens que mais pesaram o Custo Operacional Efetivo (COE), que comprometeu mais de 60% da receita proveniente da comercialização dos peixes.
Já em Ariquemes, a propriedade modal definida produção possui 10 hectares de lâmina d’água e produtividade de 7 toneladas por toneladas. O comprometimento da renda do produtor foi semelhante ao registrado em Presidente Médici.
Frutas e hortaliças 1d5x64
Durante a semana também foram realizados painéis de custos de abacate, cebola e alho no município de São Gotardo (MG) . No de abacate, foi definida uma propriedade modal com 50 hectares cultivados, com foco na produção de variedades tropicais e predomínio de margarida.
Os produtores relataram que as áreas cultivadas com a variedade “hass” têm ampliado, mas ainda é pouco representativo em propriedades modais. Para a safra atual, a produtividade estimada é de 15 toneladas por hectare.
No levantamento de custos para cebola, participaram também produtores da região de Santa Juliana e Sacramento (MG). O modal produtivo possui 60 hectares, irrigação em pivô central e semimecanizado. A produtividade média considerada foi de 84 toneladas por hectare, no entanto os produtores temem redução na produção, principalmente para plantios do cedo (janeiro), devido a maior concentração de chuva no período.
Por fim, foram coletados os custos de produção do alho. Para a região, o modal produtivo é de 60 hectares, com plantios realizados de março a maio, cultivo irrigado e semimecanizado. A cultura possui alto valor agregado, mas também riscos devido aos custos elevados da atividade, chegando a quase R$ 300 mil por hectare cultivado.
De acordo com a assessora técnica da CNA Letícia Barony, para as três culturas, e em especial o alho e a cebola, há grande demanda de mão-de-obra, com picos durante o plantio e colheita, o que influencia na geração de emprego e renda na região.
Heveicultura 5m3s63
O primeiro de silvicultura do ano foi realizado em Monte Aprazível (SP) para o levantamento de custos da borracha natural. Segundo os dados coletados, a propriedade modal da região conta com 6 hectares e produtividade média de cerca de 2.900 quilogramas de borracha por hectare ao ano, mantendo o observado no último da região, realizado em 2023.
A assessora técnica Eduarda Lee informou que o seringal tem ciclo de 50 anos, sendo que a extração do látex inicia ao 7º ano. “Apesar do incremento significativo no preço pago pela borracha em comparação aos dois anos anteriores, os custos de produção da atividade ainda seguem com margem líquida negativa, pois não foram feitos grandes investimentos em fertilidade e nutrição, justamente pela renda limitada dos últimos anos, e ainda, com incremento de preços de diversos insumos”, disse.
Café arábica g4710
Nesta semana ocorreram quatro painéis de custos do café arábica em Poço Fundo (MG), Guaxupé (MG), Franca (SP) e Caconde (SP). A primeira cidade sediou o de café orgânico, onde foi definida uma propriedade modal de 4 hectares de área produtiva, conduzida por agricultores familiares, com manejo manual das lavouras e colheita não mecanizada.
Em comparação com o ciclo anterior, o Custo Operacional Efetivo (COE) por saca apresentou aumento de 13% para o ciclo 2025. O principal fator dessa elevação foi o acréscimo de 21% nos custos com mão de obra.
No município de Guaxupé, os produtores de café arábica convencional também registraram aumento nos custos. A propriedade modal tem 8 hectares de área produtiva, representada pela cafeicultura familiar, com contratação de mão de obra temporária apenas no período da colheita. O COE subiu 22,1% em relação ao ano anterior, impulsionado principalmente pela elevação de 33,1% com mão de obra.
Já em Franca, o apontou aumento expressivo de 49% no COE por saca. A alta foi influenciada por uma combinação de fatores, como a queda na produtividade e o aumento dos custos com mão de obra (+26%), fertilizantes (+57%), defensivos (+40%) e mecanização (+26%). O modal avaliado corresponde a uma propriedade de médio porte, com 50 hectares de área produtiva e colheita totalmente mecanizada.
Por fim, em Caconde, foi analisada uma propriedade modal de 5 hectares, conduzida por agricultores familiares, com tratos culturais e colheita realizados de forma manual. Assim como nas demais regiões avaliadas, o principal fator de aumento nos custos de produção foi a mão de obra, que apresentou alta significativa nos desembolsos. Um aspecto que se destacou em Caconde foi a tendência de modernização gradual nas práticas de manejo, mesmo em sistemas produtivos de menor escala.
“Os resultados dos painéis reforçam a importância do monitoramento contínuo dos custos de produção para orientar a tomada de decisão dos produtores e a formulação de políticas públicas voltadas à sustentabilidade econômica da cafeicultura”, afirmou a assessora técnica da CNA Raquel Miranda.
(Com Assessoria de Comunicação CNA)