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Concorrência dos EUA volta a pressionar preços 2113i

O ritmo do plantio da nova safra de soja nos Estados Unidos surpreendeu o mercado. Até 11 de maio, 48% da área estimada já havia sido plantada — avanço de 14 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano ado. Os estados de Iowa (64%), Nebraska (62%) e Illinois (51%) lideram os trabalhos no campo. Além disso, 17% das lavouras já apresentavam emergência, sinalizando um bom início de desenvolvimento.
Ainda assim, o clima segue como fator de atenção. Cerca de 23% das áreas já semeadas enfrentam condições de seca, principalmente na região central do Meio-Oeste. A previsão indica continuidade das chuvas, o que pode melhorar a umidade do solo, mas também atrasar a conclusão do plantio em algumas regiões. Temperaturas abaixo da média podem frear o crescimento inicial das plantas, o que gera incertezas sobre o potencial produtivo da safra — embora sem causar grande alarde, por ora.
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Enquanto os Estados Unidos trabalham na lavoura, o Brasil colhe os frutos de uma boa performance no comércio exterior. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o país exportou 37,4 milhões de toneladas de soja entre janeiro e abril de 2025 — aumento de 1,6% em relação ao mesmo período de 2024.
A demanda da China por soja brasileira continua forte, influenciada pelas tensões comerciais com os EUA. Em abril, o Brasil embarcou 15,3 milhões de toneladas, o segundo maior volume mensal da história. Para maio, as estimativas indicam possível novo recorde: até 16,5 milhões de toneladas.
A depender do comportamento climático nos EUA e de possíveis reduções na área plantada, o Brasil pode seguir na dianteira das exportações globais, consolidando sua posição de liderança no setor.
Na Bolsa de Chicago, os preços da soja reagiram moderadamente ao cenário externo. O contrato para maio de 2025 encerrou a semana cotado a US$ 10,51 por bushel (+0,67%), enquanto o contrato para março de 2026 fechou a US$ 10,56 por bushel (+0,76%). A valorização do dólar, que terminou a semana em R$ 5,67 (+0,35%), também influenciou os preços internos.
No mercado físico, os preços foram puxados pela movimentação nos prêmios portuários, que refletiram a possibilidade de parte da demanda internacional migrar para os EUA com a volta da competitividade da soja norte-americana.
O retorno da competitividade da soja dos EUA, somado à possibilidade de redução na demanda por óleos vegetais devido à revisão da política de biocombustíveis por lá, tende a pressionar os preços internacionais. Ou seja: mesmo com exportações em alta, o Brasil pode começar a sentir recuo nas margens de lucro.
Além disso, se o clima nos EUA continuar colaborando e a safra americana vier cheia, o mercado tende a ajustar os preços para baixo, com o Brasil enfrentando maior concorrência nos principais destinos, especialmente a China.
Por ora, o Brasil lidera com volume, qualidade e confiabilidade logística, mas o cenário é volátil. O produtor rural brasileiro deve acompanhar de perto os desdobramentos do plantio norte-americano, o comportamento do dólar e os prêmios nos portos — porque os próximos os da safra lá fora podem definir o ritmo das negociações aqui dentro.
(Com Feagro)