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Já pensou em transformar baldes em miniestufas? 2gb2

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Foto: Emanuelle Araujo Granja

Miniestufas em baldes, uma ideia criativa. Comunidades agroextrativistas do Acre estão adotando uma técnica inovadora para a produção de mudas de castanheira-da-amazônia (também conhecida como castanheira-do-brasil ou castanheira-do-pará). Desenvolvido por pesquisadores da Embrapa em parceria com os próprios extrativistas, o método se baseia em mini estufas — um sistema simples, prático e de baixo custo —, que têm se mostrado eficientes para a germinação e crescimento das plantas. A espécie é fundamental para a economia e o meio ambiente da região amazônica.

Mais de 360 extrativistas do Acre já foram capacitados nessa técnica e há casos dos que começaram a produzir mudas tanto para o plantio em suas propriedades quanto para iniciativas de regeneração florestal ou comercialização. De acordo com a pesquisadora Lúcia Wadt, da Embrapa Rondônia, o método foi criado pensando na realidade das comunidades, que enfrentam desafios logísticos para transportar mudas produzidas em viveiros convencionais.

“As mini estufas são confeccionadas a partir de baldes plásticos reutilizados, criando um ambiente controlado que favorece o desenvolvimento das mudas”, explica a pesquisadora. “Nossa meta foi tornar a produção mais ível e viável, principalmente em pequena escala, em que há maior necessidade de soluções práticas e econômicas.”

Valor econômico e social 135wt

Reconhecida pela produção de castanhas de alto valor econômico no mercado nacional e internacional, a castanheira é uma espécie essencial para pequenos produtores e agroextrativistas. Contudo, o cultivo enfrenta desafios como a dormência das sementes, que possuem cascas duras, a falta de uniformidade na germinação e o ataque de roedores, atraídos pelas castanhas presas às mudas.

A principal forma de propagação da castanheira é por meio de sementes. Há diversas recomendações documentadas para a produção de mudas em viveiros florestais, o que exige estrutura e mão de obra especializada. São utilizadas sementeiras suspensas e canteiros com sombra e proteção contra animais, além do uso de insumos agrícolas, como sacolas plásticas ou tubetes para a germinação.

No entanto, essa tecnologia é pouco ível para pequenos produtores e agroextrativistas que desejam produzir mudas em pequena escala, principalmente para uso próprio. Muitos relatam dificuldades na produção de mudas de castanheira.

A técnica das miniestufas em baldes busca resolver esses problemas, simplificando a produção e tornando-a mais ível para comunidades que dependem do extrativismo. “No método tradicional, é preciso ter irrigação ou alguém que regue três a quatro vezes diariamente. No método da mini estufa, essa frequência é eliminada; é preciso molhar, claro, mas a muda estará mais estabilizada”, afirma Wadt.

A pesquisadora considera que o desenvolvimento dessa metodologia representa um avanço significativo para a produção de castanhas em áreas agroextrativistas. Ela permite que os produtores aproveitem melhor o potencial de suas áreas de plantio, estabelecendo novas castanheiras ou enriquecendo florestas degradadas “Além de ter potencial de promover práticas agrícolas mais sustentáveis na região amazônica ”, conclui.

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A produção de mudas em miniestufas começa com a escolha de sementes de alta qualidade – um dos pontos chaves na aplicação do método -,  coletadas de, pelo menos, 20 árvores matrizes com boa produtividade.

Lúcia Wadt observa que a castanheira-da-amazônia é uma espécie que necessita de polinização cruzada entre árvores diferentes para a produção de frutos (alógama). Dessa forma, para aumentar as chances de sucesso na germinação, é recomendado coletar sementes de árvores diferentes e selecionadas, que apresentem boa produtividade e regularidade ao longo dos anos.

Após a coleta, é ideal que as sementes sejam submersas em água para verificar sua viabilidade. As que afundam são as mais adequadas por serem mais novas.

As sementes devem ser misturadas a um substrato úmido – terra ou serragem- e dispostas em camadas dentro da mini estufa, de modo que fiquem completamente cobertas. Baldes plásticos de 20 litros, higienizados e preparados com furos para ventilação, são utilizados para manter a umidade e temperatura adequadas durante o processo, o que ajuda na quebra da dormência.

 

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Foto: Emanuelle Araujo Granja

Após a estratificação, as sementes germinadas devem ser descascadas e transplantadas para tubetes ou recipientes maiores.  Nessa etapa, as mini estufas devem ser adaptadas com uma estrutura de arame coberta por plástico transparente, criando uma cúpula que ajuda a manter a umidade e a temperatura interna. Em cerca de três meses, as mudas estão prontas para o plantio em áreas de enriquecimento florestal ou regeneração de castanhais degradados.

O conteúdo sobre o processo de produção de mudas em mini estufas pode ser ado no curso on-line e gratuito, disponível na plataforma e-Campo, Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Embrapa.

(Por Priscila Viudes, Embrapa Acre)

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo s1k6

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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