Foto: Eduardo Girardi h3042
Duas novas variedades de laranjeira-doce, que combinam precocidade e alta qualidade de suco — com destaque para o sabor e a coloração — foram lançadas durante a 50ª Expocitros, um dos principais eventos da citricultura mundial. Selecionados e avaliados pela Embrapa e o Centro de Citricultura Sylvio Moreira (CCSM), do Instituto Agronômico (IAC), em parceria com a Fundação Coopercitrus Credicitrus (FCC), os materiais representam mais um avanço tecnológico da Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (Umiptt) Cinturão Citrícola (SP).
As inovações atendem a uma das principais demandas do setor pela diversificação de variedades, mais produtivas e sustentáveis. O projeto contou ainda com a colaboração do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), universidades e produtores. A iniciativa reforça o protagonismo do Brasil, maior produtor mundial de laranjas e líder na exportação de suco cítrico.
Kawatta e Majorca são duas laranjas introduzidas do Suriname e da Flórida, respectivamente, avaliadas desde o início da década de 1990 no estado de São Paulo. Os materiais se destacaram em ensaios de competição como alternativas de variedades de maturação precoce (colheita entre maio e agosto), com alta qualidade de suco, coloração mais intensa e boa relação sólidos solúveis/acidez (critério de avaliação de sabor). As variedades precoces mais cultivadas no Brasil atualmente, as laranjas Hamlin e Valência Americana, são muito produtivas, porém, apresentam frutos e suco com menor qualidade em termos de coloração e sabor, especialmente a Hamlin, mais plantada entre as precoces.
Segundo o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) Eduardo Girardi, as variedades precoces são mais convenientes para a citricultura. Com a colheita mais rápida, apresentam menor risco de exposição à seca devido ao ciclo mais curto de produção, sem falar na poda e até, eventualmente, a colheita mecanizada, que pode se tornar mais fácil no futuro. “Além disso, as duas variedades apresentam boa produtividade sem irrigação, acima de 30 toneladas por hectare, e já foram avaliadas em várias regiões do estado de São Paulo com os três principais porta-enxertos (parte radicular da planta de citros) usados no estado, mostrando-se compatíveis”, salienta Girardi, que atua no campo avançado sediado no Fundecitrus, em Araraquara (SP), e coordena a Umiptt Cinturão Citrícola.
De acordo com a pesquisadora Camilla Pacheco, da área de Melhoramento Genético de Plantas, do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola da Citrosuco, empresa parceira na validação dos materiais, quando o assunto é variedade de laranja-doce com maturação precoce, o cenário, de modo geral, engloba baixa diversificação de cultivares, baixa qualidade sensorial, produção de sucos com menor teor de sólidos solúveis e menor intensidade de sabor. Perspectiva, como define, bem desafiadora para a indústria processadora de suco de laranja, particularmente, para a produção de suco pasteurizado não concentrado (NFC – Not From Concentrate), que possui maior valor agregado na cadeia citrícola em comparação ao suco concentrado congelado (Frozen Concentrated Orange Juice – FCOJ).
“O suco NFC exige matéria-prima de qualidade superior, com maior teor de sólidos solúveis, acidez equilibrada e um perfil sensorial mais rico. Atributos que as cultivares precoces atualmente disponíveis para plantio em larga escala não atendem plenamente. Além dessas limitações, a citricultura enfrenta desafios fitossanitários que impactam diretamente a qualidade da produção. Como, por exemplo, a disseminação do HLB [huanglongbing, também conhecido como greening], que causa alterações fisiológicas nos frutos, reduzindo significativamente a qualidade do suco devido ao aumento da acidez, redução do teor de sólidos solúveis, presença de amargor, além de outras disfunções que corroboram com a ocorrência de sabores indesejáveis”, afirma Pacheco. Majorca e Kawatta são suscetíveis ao HLB e outras doenças das laranjas, sendo necessário o manejo apropriado.
A Kawatta é um o antigo, introduzido no Brasil em 1969, e a Majorca, no fim da década de 1980. Ambas foram introduzidas pelo IAC, incorporadas ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Citros do CCSM e, de lá, enviadas para o BAG da Embrapa Mandioca e Fruticultura e da antiga Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB), atualmente FCC.
A pesquisadora Marinês Bastianel, curadora do BAG Citros do CCSM/IAC, conta que esses materiais aram por um processo de microenxertia e limpeza clonal. Desde então, são mantidos em estufas como materiais microenxertados e pré-imunizados contra a tristeza dos citros (plantas inoculadas com um isolado fraco do vírus que causa essa doença).
(Por Alessandra Vale, Embrapa Mandioca e Fruticultura)
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